terça-feira, 18 de junho de 2013

Entrevista com José Ronaldo Faleiro

Entrevista com José Ronaldo Faleiro

faleiro

José Ronaldo Faleiro traduz o livro
Apelos, de Jacques Copeau 
Por Marco Vasques e Rubens da Cunha

O livro Apelos, de Jacques Copeau (1879 – 1949), publicado este ano pela editora Perspectiva, foi traduzido pelo ator e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, José Ronaldo Faleiro, e consiste em uma contribuição definitiva à bibliografia do teatro brasileiro. A obra traz uma série de reflexões sobre o ator, o texto, a crítica, a vida dentro do teatro, o papel ético e estético da arte, enfim, se constitui em um grande caleidoscópio das ideias do pensador, ator, diretor e dramaturgo francês. Em entrevista inédita ao Notícias do Dia, Faleiro reflete mais sobre a importância de Copeau para seu tempo e para os dias atuais.
Como nasce o seu interesse pelas ideias teatrais de Jacques Copeau?
Jacques Copeau estava presente nas aulas de Gerd Bornheim, de Teoria Geral do Teatro/Poéticas do Espetáculo, no Curso de Arte Dramática (CAD) da UFRGS (guardo o caderno de 1968). Estudávamos com muito afinco os reformadores do teatro e suas ideias e ideais. Além disso, o CAD havia editado, em 1965, a talvez primeira publicação brasileira em livro sobre o Teatro do Vieux-Colombier: O Cinquentenário da Fundação do Vieux Colombier, de Georges Readers. Havia lido, também, as “lembranças” de Álvaro Moreyra e sua entrevista com Jouvet no Rio de Janeiro. Olga Reverbel, professora e norteadora, vira os espetáculos de Barrault, Dullin, Jouvet, em Paris, logo após a Segunda Guerra Mundial. Ela também me apresentou os Cadernos de Teatro, que traziam textos de Copeau. Dois anos depois de eu ter chegado a Paris, foi lançado na França o primeiro volume dos Registros, chamado Appels (1974), e assisti a uma mesa-redonda sobre ele, com Ariane Mnouchkine (diretora, naquele ano, de L´Âge d´or), Marie-Hélène Dasté (a primogênita de Copeau e organizadora do livro) e André Veinstein (diretor da coleção, na Gallimard). Começada aí, a ação desenvolvida por Marie-Hélène Dasté foi fundamental para reunir a obra de Copeau, para possibilitar a sua leitura. Catherine Dasté, diretora teatral e neta de Jacques Copeau, me ofertou o segundo volume, dedicado inteiramente a Molière, em 1977, com uma bela dedicatória, durante o terceiro ensaio corrido de seu espetáculo Visage de Sable. Posteriormente, quando fiz meu doutorado, lá estava novamente a figura do “Patron”. Desde os anos sessenta do século XX, a escrita, o entusiasmo e a exigência radical com que Copeau encarava o teatro me fascinam.
Qual é a importância de Jacques Copeau para a história do teatro no que tange à transformação da técnica do ator?
Copeau percebeu — e não foi o único, é claro; estava em boa companhia: com Stanislavski, Meyerhold, Appia, Dullin — que para reformar o teatro do século XX, para servi-lo, para superar o cabotinismo, a primeira coisa a fazer seria trabalhar (com) o ator. Não somente a sua técnica e a sua especialização limitante num ofício que o estiolasse. Ao contrário: num processo de ensino/aprendizagem, seria necessário suscitar no ator “desinteresse”, “paciência”, “método”, “inteligência”, “cultura”, “amor”, interesse por “bem fazer”. Portanto, técnica aliada à ética, empenho por doar-se ao teatro. Respeito ao autor, mas também uso da improvisação. Importância do texto, mas também trabalho com máscaras (como meio, não como fim) e preparação corporal intensa. Intuição, mas também leitura. Ator (atriz) como solista/intérprete numa orquestra harmoniosa.
Copeau pensava o teatro como um palco nu e com “verdadeiros atores”, pois a força do teatro estaria na palavra do poeta e no corpo do ator. Diante de tanta pirotecnia teatral vista nos dias de hoje, como o senhor vê essa questão da busca por um teatro centrado na palavra e no corpo?
Voltamos à questão da formação do ator, à busca do equilíbrio, à necessidade de trabalho corporal-e-vocal, à sensibilidade para o valor sonoro e também para o do sentido: tudo isso trazido por um/num corpo que respira, que pulsa, que repousa. Lembro-me de uma tarde em que, paralelamente ao espetáculo noturno, o Piccolo Teatro apresentou uma sessão na qual um ator se aventurava no difícil e delicado exercício de dizer poemas. Substituiu Giorgio Strehler, que deveria ter vindo dizer trechos da Divina Comédia. Essa também era uma tarefa dos alunos de Copeau: descobrir a importância da Palavra, do Poeta, da Ação-da-Palavra (Marcel Jousse tem um livro que se chama A Antropologia do Gesto e outro que se intitula A Manducação da Palavra). Nos espetáculos de Ariane Mnouchkine e nos de Peter Brook (também nos de Eugenio Barba, apesar da grande ênfase dada aos movimentos e às ações do corpo), encontrei o equilíbrio, a síntese, a dosagem de corpo-voz em sintonia. Abandonar o rebuscamento e, num sentido amplo, “caminhar sobre a cena”. A busca é incessante.
Faz dois meses que seu livro Apelos foi lançado pela editora Perspectiva, uma das mais importantes editoras sobre teatro no Brasil. A que você atribui o silêncio sepulcral em relação à obra, já que Copeau nunca teve uma publicação desta envergadura por aqui?
São cada vez mais raros os espaços nos meios de comunicação para publicar assuntos relacionados ao teatro. Acredito que o livro trará benefícios para os que o lerem. Tenho certeza de que a publicação que a Perspectiva houve por bem realizar com tanto esmero contribuirá para pensar em lançar uma série de autores ainda não traduzidos em português: Decroux, Dullin, Jouvet, Barrault, Baty, Chancerel.
Copeau nutria uma grande ironia em relação aos críticos de sua época. No entanto, em Apelos, percebemos que ele reconhece a necessidade dessa figura que perambula pelo meio teatral. Você não acha que está na hora de vermos o crítico de teatro como um criador e como apenas mais um trabalhador da arte teatral?
Ser/estar crítico (a) teatral é profissão muito difícil; é “trabalho duro e ingrato”, como diz Copeau. E muito necessário. Com rigor, imparcialidade e vontade de servir ao teatro, ele pode auxiliar muito os que exercem o ofício teatral; lançar luz sobre o que é feito; encontrar as palavras para ver o que pode ser melhorado e ter a coragem e a serenidade de dizê-lo àqueles que se afeiçoam ao próprio trabalho como a uma propriedade ou como a um ser amado — dizê-lo (ou escrevê-lo) de tal modo que o “outro lado” possa aceitar a observação, o reparo, a “crítica”. “Ajudar” e “convencer”, e não “ferir” ou “prejudicar”. Sua tarefa pode causar grande benefício para o aprimoramento de um espetáculo, para as perspectivas de um artista ou de todo um grupo de artistas. Para isso, sem dúvida, cabe ao (à) crítico (a) criar, trabalhar, conviver com a cena e com os bastidores. Lembro-me do prazer e do proveito com que lia, jovem estudante, a coluna de Fernando Peixoto e a de Marcelo Renato, e mais tarde, as críticas de Cláudio Heemann e Antônio Hohlfeldt, e as obras de Décio de Almeida Prado, Yan Michalski, Edélcio Mostaço e Sábato Magaldi, muitos deles pessoas com muita familiaridade com a prática da cena teatral.
Qual é o maior ensinamento ou o princípio teatral de Copeau, que você destacaria e aconselharia às novas gerações? 
Amar o teatro. Servir ao teatro. Trabalhar com entusiasmo. “Doar-se”. Para isso, “primeiro possuir-se”.
apelos

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Curso de Interpretação Teatral


Claudia Venturi - atriz, diretora e professora de teatro, formada pela PUC PR, mestre em educação pela UFSC (com período de estudos na Universittà Cattolica del Sacro Cuore di Milano, Itália). Trabalhou como atriz em Curitiba (PR), Milão (Itália) e em Florianópolis (SC), onde continua atuando e desenvolvendo um trabalho voltado para a preparação de atores. (Foto do espetáculo "Aos poucos, ouvidos moucos que virão, falaremos um pouco da nossa escuridão" -  de Jülmar Leardini, Curitiba 1998 - 2001)

Curso direcionado a qualquer pessoa, com ou sem experiência anterior: atores e contadores de histórias que queiram enriquecer o seu trabalho, pessoas que desejem se expressar ou falar em público, para aqueles que queiram trabalhar a timidez, se divertir e fazer novos amigos e para todos os que quiserem se unir a nós com alegria e vontade de participar.

Já estamos recebendo os nomes dos interessados em participar do Curso de Interpretação que será oferecido pelo Círculo Artístico Teodora a partir de Agosto.
Serão três horas por dia, um dia por semana, com início previsto para a quinta-feira, dia primeiro de agosto.

O curso oferecerá aos seus participantes jogos e técnicas que visam trabalhar com as dificuldades e possibilidades que cada pessoa tem para atingir os seus objetivos, sejam eles cênicos ou sociais, como timidez e a necessidade de participar de entrevistas ou apresentações de trabalhos, acadêmicos ou profissionais. Os jogos dramáticos desenvolvem a confiança no grupo e, consequentemente, em si mesmo, desenvolvem a criatividade e a consciência grupal e auxiliam muito em nosso mecanismo de resposta rápida frente a situações difíceis ajudando-nos na solução de problemas. 
Faz parte de nosso conteúdo o trabalho com:
  • presença cênica;
  • consciência corporal;
  • consciência vocal;
  • jogos de improvisação e jogos dramáticos;
  • exercícios de interiorização e de criação;
  • análise do texto;
  • principais técnicas de interpretação.

Quando – Todas as quintas-feiras, de 15 de Agosto à 12 de Dezembro, das 19h30 às 21h30 (36 horas)
Investimento: 480,00 para pagamento à vista, ou em 4 parcelas de 185,00 reais, com desconto de 20% para pagamento efetuado até o dia 15 de cada mês. Desconto adicional de 5% para quem trouxer um amigo que também se inscreva no curso.

Inscrições pelo telefone (48) 9113-1002 ou  pelo e-mail circuloartisticoteodora@hotmail.com

Este curso conta com bolsa de estudos para pessoas da comunidade carente.